15.1.15

Nova entrevista de Kristen para o Salon



Todo o burburinho envolvendo “Para Sempre Alice” tem sido sobre Julianne Moore, e com toda razão – seu desempenho como Alice, uma professora de linguística com Alzheimer precoce, é o papel de sua vida (e está se aproximando de um possível Oscar). Mas o seu desempenho não é o único que chama atenção no filme. Particularmente, Kristen Stewart habilmente navega sobre um território emocional no papel de Lydia, a filha de Alice, que fica firmemente ao seu lado durante sua deterioração rápida e devastadora.

O Papel de Kristen é um dos últimos de uma série que envolve filmes indie – incluindo “Acima das Nuvens’‘ de Olivier Assayas e o drama “Camp X-Ray” – uma notável mudança que a leva bem longe dos blockbusters que a fizeram famosa. Não é segredo para ninguém que Stewart não tem uma boa relação com os paparazzis nesses últimos anos. “Eu nem sempre fiquei completamente confortável sendo jogada na frente do mais intenso brilho que você possa imaginar,” ela me conta, com seu rosto inexpressivo.

No entanto, parece que ultimamente ela encontrou seu equilíbrio. Ao falar com ela hoje no Crosby Hotel em Nova York, Stewart parece estar qualificada por seu envolvimento em um filme que tem o poder de fazer a diferença na vida das pessoas (não dizendo que “Crepúsculo” não o fez, mas infelizmente…)

Como ela diz “Você pode andar em um set de filmagens, fazer isso e aquilo, tirar sarro das coisas. É como se isso não fosse real, não estamos curando o câncer. Nesse caso, na verdade, estamos dando um passo enorme para ajudar as pessoas a superarem algo.”

Anna Silman: Essa provavelmente é uma press bem simples em comparação as que você está acostumada.

Kristen: Oh meu Deus – é como um pequeno rato correndo atrás de um tigre. Mas sim, é bom. Está sendo realmente interessante e divertido.

AS: Eu vi o filme ontem e chorei umas cinco vezes.

KS: É muito triste.

AS: Quando você viu o filme, como você se sentiu? Você foi capaz de ter alguma reação emocional a ele?

KS: Eu o vi duas vezes. A primeira vez eu estava deslumbrada. Eu estava presente em muitas coisas que ela (Julianne) fez e isso foi impressionante, mas para coisas que eu não estava ela conseguiu me destruir. Eu pensei que mais ninguém existiu no filme. Eu sou super técnica, eu sento para assistir um dos meus filmes com uma listinha de coisas boas e coisas que poderiam muda, mas nesse não. Normalmente a primeira vez nunca é uma boa experiência, é sempre recebendo mais bloqueios ou memórias estranhas, e desta vez foi completamente inegável. O que ela fez precisava ser feito. É muito importante.

AS: Está tendo muita especulação sobre o Oscar relacionado a performance dela. Você já trabalhou com várias atrizes incríveis – você acha que ela está fazendo algo diferente?

KS: Eu acho que, normalmente, as pessoas com quem eu trabalhei e que realmente me deslumbraram são realmente inteligentes e com muito espaço em suas mentes. Não é apenas ter a disponibilidade emocional ou uma natureza desinibida, ou uma imaginação. Ela é um gênio; ela pode fazer as duas coisas.

AS: Eu sinto que você pode ver seu intelecto apenas assistindo o seu desempenho.

KS: Ela é muito inteligente, eu sei! Eu acho que a coisa mais legal sobre ela é que ela é super técnica. Ela sempre sabe onde está a câmera, ela colabora com o DP, com o diretor e com todos no set. Ela é consciente do seu ambiente, e de alguma forma, é comovente e perdida nele. Fazer as duas coisas ao mesmo tempo é o que eu acho absolutamente incrível. Não é bom ou ruim, ou, você tem uma opinião sobre isso. Não, é apenas real.

AS: Então se alguém duvidar da qualidade do seu desempenho…

KS: Não. Tipo, há alguém? Talvez eu seja completamente tendenciosa – obviamente- mas, não.

AS: Existe algo sobre atuar como a filha de alguém e ter que forjar uma conexão?

KS: Definitivamente. É estranho… Nós atores fazemos coisas estranhas.

AS: Que tipo de coisas estranhas?

KS: Se você parar para pensar sobre isso, é simplesmente um comportamento bizarro. É uma maneira de meditar, analisar e aprender. Julianne e eu nos sentimos assim em relação uma a outra e eu não sei o motivo – por que eu me sinto assim sobre essa mulher? Eu a conheço por alguns anos, mas há apenas algumas pessoas na vida que você se conecta, que você facilita coisas incríveis um para o outro. E isso é palpável, é imediato, você sabe disso. Eu sabia que poderia trabalhar com ela; Eu sabia que poderia fazer sua filha. Existem pessoas que definitivamente que eu ficaria tipo, eu não sei se eu poderia ter isso com essas pessoas. Atores definitivamente podem preencher espaços em branco, e isso acontece o tempo todo. Nem sempre você tem essa incrível conexão e esses momentos – é brega pra caralho – reais, sérios, verdadeiros, legais e que você não leva crédito algum. Eles apenas acontecem. É estranho já que você pode colher os benefícios. Porque eu me conectei com Julie e porque nós estávamos sendo honestas uma com a outra em certos momentos, agora as pessoas dizem que eu sou boa no filme.

AS: Bom, você está ótima no filme!

KS: Obrigada! Mas é estranho, é um estranho trabalho esse. Há essa enorme área cinzenta. É a vida, você sabe o que quero dizer? É um tipo de mudo alternativo. É uma viagem.

AS: Não é segredo para ninguém que você estava meio frustrada com toda essa loucura e atenção da mídia que você recebeu depois de “Crepúsculo”. Comparando agora com seus três últimos filmes, você diria que está sendo capaz de começar a criar o tipo de carreira que sempre quis?

KS: Sim, sim. Eu nunca controlo nada que me sinta apaixonada – meu trabalho está bem no topo dessa lista. Eu não tenho planejado, eu não pensei sobre minha trajetória ou como projetar minha carreira de uma forma que eu possa conseguir o que quero. Felizmente e consegui naturalmente o que eu queria – eu sou uma sortuda – mas eu não tinha ideia de que “Crepúsculo” seria tão grande assim, simplesmente explodiu. É sempre difícil comparar os projetos e eu acho que cada você que vivemos nos faz pessoas diferentes do que somos agora, então cada projeto tem seu enredo e cada um deles está em diferentes fases da minha ida mas eles não tem nada a ver com o outro no quesito de design.

AS: O que te chamou atenção nesse filme que te fez aceitar participar?

KS: É tão insanamente ambicioso. É realmente raro ler um roteiro e ir, e se isso é feito certo, vai ser muito importante e se for feito de modo errado vai ser estranhamente ruim. Julie já estava no projeto quando eu li sobre, e eu tinha toda fé no mundo nela, e eu queria apenas saber se podia lidar com isso. Conhecer Richard e Wash que dirigiram o filme, que lidam com suas próprias dificuldades que se relaciona intimamente com a história… Rich tem ELA(Esclerose Lateral Amiotrófica) em seu estágio avançado e eles estão vivendo e amando e trabalhando, sendo exemplos. Eu pensei, eu realmente não acho que esses caras me contratariam se pensassem que eu não tinha a capacidade para fazer a Lydia.

AS: Você viu isso como um voto de confiança em sua capacidade como atriz?

KS: Claro que sim! É uma honra, você entende o que eu quero dizer? Você chega ao final do filme e fica tipo, Deus, espero que eu consiga me levantar assim.

AS: Você percebeu que ela foi praticamente a única que sobrou.

KS: Ela definitivamente foi. É horrível e ao mesmo tempo é legal. Eu começo a colher os benefícios de ter uma experiência realmente pessoal com o Alzheimer sem a dor real, porque eu não conheço ninguém que sofra disso, mas tive essa experiência. Eu sei os prós e contras dele; Eu senti isso; Eu conheço a dor.

AS: O clima no set foi diferente devido seu diretor ter ELA? Isso deu a produção uma intensidade extra?

KS: Parece estávamos fazendo algo que ajudaria as pessoas. Os filmes são para diversão e entretenimento; que é geralmente o foco deles, mas quando eles são importantes e podem realmente ajudar as pessoas, isso bate em você de uma forma que a maioria dos diretores, não importa o quão bom eles sejam, o quão esperto eles sejam, não conseguem fazer por você. O tipo de pessoa que Rich é… Você seria sortuda e conhecê-lo. Nem todo mundo é tão legal como ele.

AS: Você tem que se forte para lidar com isso.

KS: Sim, especialmente do jeito que ele é. Ele é um bom diretor e como Alice, ele teve muita sorte de ter Wash porque ele o está permitindo espremer até a última gota de vida do que jogar a toalha. É sobre isso que o filme fala, e ter isso no set… Você pode andar por ai em um set de filmagem, pode fazer isso e aquilo, pode tirar sarro de coisas engraçadas. É como, se isso não fosse real, não estamos curando o câncer. Nesse caso, na verdade, nós estamos dando um enorme passo para ajudar outras pessoas a superarem isso. Lisa Genova está constantemente dizendo que precisamos puxar o Alzheimer do armário e mostrar que não é apenas uma doença de idosos. É uma coisa bem real e tem muita vergonha no meio. Tem muita isolação, muita solidão, muita negação, muita vergonha e não deveria ser assim. Nós estamos correndo maratonas pelo câncer, por que não estamos fazendo isso pelo Alzheimer?

AS: Eu não te conheço, obviamente, mas parece que você realmente se sente bem com esse projeto. É justo dizer que trabalhar com esses tipos de filme mais profundos te fez colocar os pés no chão?

KS: Bom, sim. Eu tenho muita sorte pois não foi uma escolha. Meu agente me mandou o roteiro, você sabe o que eu quero dizer? Eu imagino como eu seria e como eu iria ser moldada sem esses projetos e sem esses aprendizados insanos em períodos isolados e acelerados de tempo. Não é só agora; é definitivamente legal que pessoas gostem de projetos que eu tenha feito. Isso é incrível, mesmo porque eu nem sempre fui completamente confortável em ser jogada no meio do mais brilhante, mais deslumbrante brilho que você pode imaginar… Isso sempre foi difícil, mas pelo outro lado, o que eu faço, eu amo isso.

AS: Você é uma espécie de herói para essas pessoas, de uma certa forma. Muitas pessoas admiram o que eles veem com essa sua atitude de ”não dou a mínima”.

KS: Eu fico tipo, ninguém da a mínima como eu. Ninguém da mais a mínima do que eu. É bem irônico para mim. Eu estou sempre: ”sério?”

AS: Para você, não é sobre sair por ai e fingir amar ao invés de realmente amar fazer o trabalho.

KS: Sim. Eu me encontro dizendo coisas que eu posso ouvir outras pessoas dizendo e eu fico tipo ”ok, você está mentindo.” Mas eu digo a mesma coisa, e eu fico imaginando se as pessoas pensam que eu estou mentindo quando eu digo ‘‘Oh, nós somos uma grande família no set.” Eu odeio essas coisas. As pessoas sempre perguntam se eu escolho projetos que eu escolhei porque eu estou tentando mudar a visão que as pessoas tem de mim. Uh, não. Em uma palavra, nah.

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