30.5.14

Cannes 2014: Entrevista de Kristen com ‘Le Monde’



Dois anos após ‘Na Estrada’ de Walter Salles, Kristen Stewart subiu os degraus de Cannes, na sexta-feira dia 23, por seu papel em ‘Sils Maria‘ de Olivier Assayas. Notável de ponta a ponta, a estrela da Saga Crepúsculo interpreta a assistente de uma celebridade, interpretada por Juliette Binoche.

Le Monde: Como foi a exibição?

Kristen Stewart: Muito bem. Talvez seja porque sou americana, e nós consideramos o cinema principalmente como um entretenimento, mas eu não pensei inicialmente que um filme descaradamente filosófico poderia ser interessante para um público daquele tamanho; no entanto, parece como se fosse o caso, eu acho.

Le Monde: Com o papel interpretado por Chloe Grace Moretz, sua personagem encarna os Estados Unidos, num filme que ainda é europeu.

Kristen Stewart: É a primeira vez que filmo um filme inteiro na Europa, na verdade. Em um ponto, eu fui considerada para interpretar a personagem de Chloe. Na minha opinião, teria sido um erro… Eu queria a oportunidade de criticar a consumo em massa de vidas falsas criadas pela mídia através da minha personagem. Quando você pensa sobre isso, é um fenômeno estranho, que beneficia ninguém intelectualmente. Por que divagar culturalmente desta forma? Alguns dos meus diálogos refletem exatamente o que eu penso desta estupidez. Olivier encontrou as palavras certas.

Le Monde: O que te fez aceitar o papel?

Kristen: Depois que Charles produziu ‘Na Estrada‘, ele me convenceu que Olivier era o diretor perfeito para mim. Eu fiquei encantada pelo roteiro na mesma hora. Olivier me disse que ele tinha escrito o roteiro sem pensar em mim. Na verdade, seu olhar sobre o consumo da arte já era dessa forma. Vamos apenas dizer que comigo lá alguns momentos ficaram um pouco mais excitantes, por conta das minhas experiências passadas.


Le Monde: Você estava ciente da história dele no mundo do cinema?

Kristen: ‘Sils Maria‘ parece muito diferente comparado aos seus filmes anteriores, para mim. Ele está mais calmo e pensativo. Juliette o levou a escrever sobre duas gerações diferentes de artistas mulheres – o que elas tem que desistir para viver pela sua arte e o que elas ganham em retorno.

Le Monde: Ele é um diretor que filma maravilhosamente o movimento…

Kristen: Ele encena suas cenas meticulosamente, mas nunca senti como se estivesse sendo prejudicada quando estava me movendo. Eu sentia como se estivesse dançando com a cabeça do cinegrafista, que se aproximava de mim toda vez que eu ia muito longe de onde eu deveria estar. As filmagens foram muito suaves, livres e serenas. Isso é o que faz algumas cenas, até mesmo as mais teatrais, parecem tão cheias de vida.

Le Monde: Uma palavra sobre sua parceria com Juliette Binoche?

Kristen: Oh meu Deus, somos tão diferentes! Ela estava sempre ensaiando. Quanto a mim, eu aprendia minhas falas vinte minutos antes de cada cena. Somos parecidas, ela e eu, mas nossa forma de realizar as coisas não poderia ser mais diferente.

Le Monde: Você está rodeado de uma multidão de assistentes. Eles te inspiraram para o papel?

Kristen: Eu tenho tantos! É uma dinâmica realmente interessante. Assim que minha personagem percebe que ela somente responde ao que se pede, sem ser capaz de dar mais de si mesma, ela vai embora. Eu já vi relacionamentos profissionais acabarem também. Eu adoro filmes que lidam com o processo de produção.

Le Monde: Em ‘Maps to the Stars‘ de David Cronenberg, também na competição em Cannes, Robert Pattinson interpreta o assistente de uma celebridade. Você já viu o filme?

Kristen: Ainda não! Mas irei.

Le Monde: Cinco anos após Férias Frustradas de Verão, você está escalada novamente com Jesse Eisenberg em ‘American Ultra’ de Nima Nourizadeh…

Kristen: Jesse e eu temos uma cumplicidade linda. Nós não temos medo de mostrar que estamos nervosos. É uma comédia de ação, muito comercial, mas nós dois a levamos a sério. Eu realmente acredito no que minha personagem diz em Sils Maria: Se é bem feito, um filme comercial pode tocar cada faceta sua. Não é necessariamente o caso de filmes pretensiosos.


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